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domingo, 6 de outubro de 2013

As mudanças que as novas tecnologias da escrita ofertadas pelo computador e pela Internet imprimem no meio educativo.

Li e achei muito interessante.


Graduada em Jornalismo e Educação Física pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS
Mestre e Doutora em Ciência do Movimento Humano, CEFD/UFSM
Especialista em Teoria do Jornalismo e Comunicação de Massa, PUC/RS
Docente adjunta do Departamento de Métodos e Técnicas Desportivas do Centro
de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Santa Maria – RS
Coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Comunicação e Mídia
na Educação Física e no Esporte (NEP-COMEFE)
Marli Hatje Hammes
hatjehammes@yahoo.com.br
(Brasil)






Resumo
O artigo propõe uma discussão sobre a escrita na internet e seus reflexos na sociedade. O avanço tecnológico rompeu com as regras de linguagem e criou novos hábitos e novos desejos. A tendência é que essa forma de comunicação exija mudanças no processo social-educacional, nas exigências de professores em sala de aula, no comportamento de alunos e de toda sociedade.
Unitermos: Escrita. Internet. Novas formas de comunicação.


“C vc n th entendendo nd do q tah escrito aki, eh melhor ir c acostumando: a língua surgida na internet invadiu as salas de aula, e o fenômeno é tão forte que especialistas lançam um alerta. Quem precisa se adaptar são os pais e os professores.” (ZH, 25/10/2009, p. 28-29)

“Na história da comunicação nunca houve transformação tão rápida e profunda como a que se observa neste momento. A velocidade da tecnologia, pela primeira vez, é maior do que a capacidade do ser humano de assimilar as mudanças como parâmetros culturais de uma nova era.” (Rabaça e Barbosa, 2001)

Considerações iniciais

As mudanças no meio educativo, envolvendo as novas tecnologias da escrita ofertadas pelo computador e pela internet, poderão alavancar a importância de mídias como o rádio e a televisão (que primam pela oralidade) em ações pedagógicas e deverão substituir, lentamente, a linguagem oficial/formal utilizada e exigida pelo contexto educacional. Porém, para nós brasileiros, as mudanças protagonizadas pela internet, especialmente com o internetês, correrão paralelas às mudanças propostas na ortografia da língua portuguesa. Duas questões importantes, e que não deixam de ser conflitantes quando o assunto é educação, considerando o sistema de ensino brasileiro, no momento em que a tecnologia protagoniza profundas mudanças nos hábitos e costumes sociais.

A escrita da internet, envolvendo principalmente os sites de relacionamento e os jogos eletrônicos, rompeu com as regras de linguagem e criou novos hábitos e novos desejos. A tendência é que essa forma de comunicação vai exigir mudanças no processo social-educacional, nas exigências de professores em sala de aula e no comportamento de alunos, que se expressam através da nova linguagem, inclusive, em momentos em que são exigidas as normas da língua oficial, como nas redações de concursos vestibulares e em provas de concursos públicos, por exemplo.

É importante, no entanto, destacar que as sociedades não se unificam por língua, mas por interesses comuns, por interatividade como faz a internet por exemplo. Não existe uma única maneira de falar, de se expressar. Assim como a gramática rígida é uma maneira de falar, a internet também o é (DEMO, 2005). Porém, segundo o autor, com a liberdade da internet as pessoas cometem abusos. “As crianças, às vezes, sequer aprendem bem o português porque só ficam falando o internetês. Acho que eles devem usar cada linguagem no ambiente certo, e isso implica também aprender bem o português”.

Se a tecnologia hoje causa inquietações e incertezas envolvendo as formas de comunicação entre as pessoas, por outro lado amplia nossas cognições, habilidades e experiências, com o possível surgimento de uma nova língua e uma terceira forma de comunicação. A novidade envolveria novas culturas, línguas de diferentes países e mesmo com a ausência de gramática específica, a comunicação, através da escrita, vem com características comuns entre os usuários que permitem compreensão e entendimento da mensagem.

Analisando as mudanças, é muito provável que estas gerem uma terceira forma de comunicação, com características bastante marcantes das duas existentes hoje, a verbal e a não verbal. O suporte dessa nova forma de comunicação seria a chamada “linguagem multimodal”, que segundo DEMO (2005), integra som, imagem, texto e animação.

A contribuição da comunicação verbal (oral/escrita) se daria na perspectiva das duas categorias: a formal, que segue regras gramaticais e é utilizada em discursos e textos e apresentações científicas e a informal ou coloquial utilizada no dia-a-dia, ou seja, na comunicação interpessoal, dominada pelo senso comum e com gírias. Já a comunicação não-verbal, que utiliza a linguagem gestual, facial e corporal, usa também outros códigos para a comunicação entre as pessoas, como desenhos, sons, pinturas. Esta é responsável por 65% da comunicação humana.

Sobre os dilemas na escola envolvendo a escrita na internet, o Jornal Zero Hora, Porto Alegre,RS, publicou reportagem em 25/10/2009 (p.28-29) chamando atenção de pais e professores sobre a necessidade deles se adaptar e saber lidar com a linguagem digital usada pelos filhos. É uma nova forma de interagir com o mundo, diferente daquela proposta pela escola que ainda prima pelo processo que privilegia o ler, escrever e o contar. Para DEMO (2008), (...) “a linguagem que ela usa (a criança) na escola, quando ela volta para casa ela não vê em lugar nenhum. A escola parece um mundo estranho. As linguagens, hoje, se tornaram multimodais, um texto que já tem várias coisas inclusas, som, imagem, texto, animação. Um texto deve ter tudo isso para ser atrativo”.

As características comuns entre os usuários da internet para se comunicar através da escrita, segundo o jornal são: a) os internautas utilizam abreviações para acelerar o processo de comunicação através da escrita; b) troca de letras para tornar a comunicação mais coloquial, próxima da fala-som; c) repetições e interjeições que conferem um tom mais oral às conversas e expressam sentimentos de quem está “falando” (Ooooiiii!!!; Te adoooooro!); d) falta de acentuação além de agilizar a escrita, encontra sustentação na configuração dos teclados, que são distintos. Segundo relata o jornal Zero Hora, a configuração dos teclados é uma das origens da popularização da escrita sem acentos; e) utilizar letras maiúsculas na internet é caracterizado como “gritar alguma coisa para alguém. Palavras escritas com letra maiúscula são consideradas agressivas, embora isso dependa do contexto; f) ícones multimídia, são aqueles bonequinhos ou aquelas carinhas que ilustram o “estado de espírito” do internauta. Eles substituem a própria escrita “sucinta” da internet. Para os internautas (inclusive para a sociedade em geral, porém em menor grau), são mais um código diferenciado de comunicação; g) invenções são as seqüências estranhas de letras que nada mais significam que uma risada internética, como “.heasuiheasuiheauishe”.

Se por um lado as novas tecnologias da escrita podem trazer problemas ao meio educacional quanto ao uso correto da língua (linguagem formal, científica), por outro podem ser (e são para os internautas mais ativos) novos protagonistas que ratificam o antigo e elementar conceito de comunicação, que pode ser entendido a partir do clássico esquema tricotômico da comunicação - Fonte-Mensagem-Receptor – estabelecido por Aristóteles e publicado no Dicionário da Comunicação (Rabaça e Barbosa, 2001), ou seja, comunicação é todo o processo de transmissão e de troca de mensagens entre seres humanos.

É necessário, no entanto, ressaltar que a comunicação somente se efetiva entre emissor-receptor se a mensagem for recebida e decodificada pelo receptor, por isso é necessário que ambos estejam sintonizados no mesmo contexto, devem utilizar um mesmo código e estabelecerem um efetivo contacto através de um meio de comunicação. Se qualquer um destes elementos falhar, ocorre o chamado ruído na comunicação, um fenômeno que perturba de alguma forma a transmissão da mensagem e sua recepção ou decodificação por parte do receptor. E é exatamente esta (possível) falta de sintonia na linguagem entre professor e aluno que hoje não deixa de ser um problema no meio educacional. Temos percebido ao longo dos anos, que a linguagem da internet ainda não é dominada pela sociedade em geral, o que em alguns momentos dificulta a comunicação.

Considerações finais

A inserção da tecnologia no meio educacional (mesmo que indiretamente), requer um novo aluno e um novo professor, um mediador das informações que chegam em diferentes linguagens, porém com características próprias. Aqueles que utilizam sites de relacionamentos e jogos eletrônicos já criam uma linguagem própria, diferente dos professores de escolas, de pesquisadores e estudiosos que tratam o conhecimento e sua divulgação de forma científica, formal e seqüencial.

Para DEMO (2008), a escola precisa se situar nas habilidades do século XXI, que ainda não estão presentes no contexto escolar, mas aparecem em casa, no computador, na internet e na lan house. É neste ponto que o autor sugere uma grande mudança, que começa com e pelo professor. “Não há como substituir o professor. Ele é a tecnologia das tecnologias e deve se portar como tal”.

Se a tradicional linguagem escrita que ainda prevalece nos meios acadêmico e educacional (escolar e não escolar) permanecerá, somente o tempo dirá. A única certeza é de que muitos internautas de hoje, simpatizantes e defensores do internetês, serão futuros professores e pesquisadores.

Nesse contexto, é importante considerar que o internetês e o próprio hipertexto rompem com uma lógica de construção textual, com o pensamento linear, como destaca LÉVY (1993) e estas novas formas de se comunicar, de maneira formal ou informal, permitem articular ao mesmo tempo diferentes competências e habilidades. A internet está fazendo com que a sociedade e, principalmente, o aluno deixem de pensar e escrever tudo de maneira muito estática, ordenada e seqüencial. DEMO (2005), por exemplo acredita que “o texto impresso, ordenado, vai continuar, mas vai entrar muito mais o texto da imagem, que não é hierárquico, não é centrado, é flexível, é maleável. É um texto que permite criação conjunta”.

Com o avanço tecnológico, é fundamental que o professor atente para o novo conceito de “cultura popular” quando a questão envolve linguagem e comunicação. Conforme destaca DEMO (2005), “cultura popular agora é mp3, DVD, televisão, internet. Essa é a linguagem que as crianças querem e precisam e ela não exclui o texto.” O autor chama atenção também para a importância do texto da internet chamado “re-mix”, elaborado a partir de outros textos.

Diante do contexto apresentado, é importante que os cursos superiores de formação profissional atentem para estas transformações e mudanças e se aliem às escolas e sua comunidade no sentido de articular ações que garantam eficiência ao processo de ensino-aprendizagem, a partir do avanço e do desenvolvimento da tecnologia, inclusive, no que tange as novas formas de linguagem e comunicação. Por outro lado, é fundamental que os professores das escolas tenham consciência para aceitar novas possibilidades de comunicação e interação, pois toda forma de comunicação dever ser compreendida e aceita em todos os contextos, mas sobretudo, que estejam preparados para estabelecer limites às novas formas de comunicação, para que não se comprometa a formação de cidadãos em sua essência.

Referencial bibliográfico

DEMO, Pedro. Os desafios da linguagem do século XXI para o aprendizado na escola. Palestra, Faculdade OPET, junho 2008. Site: http://www.nota10.com.br

JORNAL ZERO HORA. O jeito de escrever na internet invadiu a sala de aula, 25 de outubro de 2009, P.28-29.

PALMA, Luciana Erina. Comunicação: fundamento para a mediação pedagógica em Educação Física. Tese: CEFD-UFSM, 2004.

PIERRE, Lévy. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1993.

RABAÇA, Carlos Alberto & BARBOSA, Gustavo. Dicionário de Comunicação. São Paulo: Campus, 2001.

SANTOS, Roberto Elísio. As teorias da comunicaçao: Da fala à Internet. São Paulo: Editora Paulinas, 2003.

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