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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Resenha - crítica: Documentário em Trânsito.


Em Transito tem como pano de fundo a região metropolitana de São Paulo, quinta maior concentração humana do planeta, que reúne aproximadamente 17 milhões de habitantes circulando diariamente entre mais de 1.500 quilômetros quadrados, através de diferentes meios de transporte. De casa para o trabalho e vice-versa, as pessoas costumam gastar horas nos trajetos. No meio de tanta gente, tantos rumos e tantas histórias, o documentário foi capaz de pinçar quinze personagens que traçam um perfil do paulistano – ou daquele que vive em São Paulo.
O documentário retrata a diversidade na metrópole através de diferentes personagens que vai desde o habitante da periferia, que pena para ir e voltar do trabalho entre ônibus, vans, trens e metrôs, isso sem falar nas longas caminhadas que fazem até chegar ao ponto de ônibus ou estações de metrô e de trem, já que boa parte das linhas metropolitanas não atinge o interior dos bairros periféricos até um personagem que mora na nobre zona sul e utiliza seu carro para se locomover andando armado para se defender, justifica que já teve quatro carros roubados. Os moradores das grandes metrópoles acabam se tornando “uma presa fácil da violência, das condições de vida degradada”, onde as cidades são “como uma experiência visual” essa experiência é retratada no documentário, algumas pessoas aproveitam os longos trajetos para conversar, ler, pensar, falar ao celular ou simplesmente olhar a “paisagem”.
Outra moradora da zona nobre diz que não imagina sua vida sem seu carro, onde costuma conversar com seus filhos e optou por morar perto do trabalho para almoçar com eles diariamente. Na mesma medida em que o trânsito aproxima a família da zona nobre, pode também distanciar as pessoas, um motorista de ônibus lamenta o quanto tem se afastado da família devido ao tempo que perde para ir e vir do trabalho além de ter que passar aproximadamente 10 horas diárias trabalhando no trânsito, na frota paulistana.
Como o motorista, outros personagens também fazem do trânsito o seu trabalho ou sua ideologia por exemplo: um pastor, habitante da periferia, aproveita a concentração humana dos vagões do metrô para pregar a palavra de Deus, que a todo momento é lembrado por quase todos os personagens do documentário: “todo mundo fala que Deus existe, tomara que esse homem exista mesmo. Mas aqui no transporte ele não está”, comenta o mesmo motorista de ônibus que reclama sobre a distância da família.
Se viver na periferia torna uma pessoa mais vulnerável à violência, conduzir um ônibus em linhas de bairro periféricos aumenta ainda mais essa vulnerabilidade. Isso porque nessas linhas os carros são mais velhos, as pistas piores e os atentados contra os motoristas (por exemplo aqueles que negam uma carona) são comuns. Já os bairros nobres da cidade, além de reunir as melhores habitações, também concentram os veículos e pistas em melhores condições. A cidade nada mais é que “um símbolo capaz de exprimir a tensão entre racionalidade geométrica e emaranhado das existências humanas”, existências essas marcadas pela diferença social.
Através dos labirintos dessa metrópole onde circulam milhares de pessoas o documentário aborda o cotidiano caótico do trânsito para mostrar como é viver e vencer as dificuldades de uma cidade grande.


Referências:

BRESCIANNI, Maria Stella. História e Historiografia das cidades, um percurso. In: Cezarde, Marcos (Org). Historiografia brasileira. São Paulo, contexto, USA, 1998.

EM TRÂNSITO. Direção, Produção e roteiro, Hemri Arraes Gervaisean. Fotografia Adrian Cooper. {S.l.} Estúdio Alô Vídeo, 2005. 1 bobina cinematográfica (98 min.), son., color., 35 mm.

GOMES, Renato Cordeiro. O livro de registros da cidade. In: GOMES, Renato Cordeiro; SOUZA, Eneida Maria (Org). Todas as cidades, as cidades. Rio de Janeiro: ed. Racco, 1994


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